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A cada 8 segundos ocorre um golpe financeiro no País; como o da maquininha

Com os avanços tecnológicos incentivados pela pandemia da coronavírus, o número de golpes financeiros no Brasil teve aumento impressionante. De acordo com Indicador de Tentativas de Fraude da Serasa Experian, a cada 8 segundos há uma tentativa de fraude no País. Em 2021 foram 4,1 milhões de movimentações suspeitas, aumento de 16,8% em relação ao acumulado de 2020, com 3,5 milhões de ataques.

Robinson Nicácio de Miranda, professor de Direito da USCS (Universidade de São Caetano do Sul), explica que, com dependência da tecnologia, os processos fraudulentos se tornam cada vez mais sofisticados, porque os criminosos se profissionalizam, o que dificulta o trabalho da polícia. “Entre os golpes mais comuns estão a clonagem de cartões com a utilização de dados, pirâmides financeiras onde o produto não é entregue ao comprador, roubo de dados a partir de ligações e sites falsos, boletos falsos e empréstimos falsos”, diz.

Golpe da maquininha

Por conta da pandemia e o crescimento de pedidos em aplicativos de delivery, novo golpe foi adicionado à lista, o “golpe da maquininha”. O entregador alega que a máquina de cartão está com problemas técnicos, por isso não é possível ver a tela do aparelho e valores absurdos são digitados sem o conhecimento do cliente.

Foi o caso de um universitário de Santo André, que preferiu não se identificar, em dezembro de 2021. Enquanto aguardava o pedido, o entregador enviou uma mensagem dizendo que havia sofrido um acidente no caminho e entregaria o pedido para outra pessoa realizar a entrega.” No momento em que o segundo entregador chegou no meu endereço, ele me disse que era necessário pagar uma taxa extra de R$ 6 por conta da troca de entregadores. Quando olhei meu extrato bancário, notei que uma compra havia sido feita no valor de R$ 2,5 mil no mesmo horário que o pedido chegou, mas felizmente, depois de alguns meses, o aplicativo me reembolsou”, diz o estudante.

Anderson Veloso, morador de São Caetano, sofreu dois golpes financeiros em junho deste ano, um realizado por um site de comércio eletrônico e outro na rua Santa Ifigênia, em São Paulo. Veloso conta que perdeu R$ 2,3 mil em apenas um mês e que não conseguiu recuperar o dinheiro ainda. “No site de compras, os e-mails da plataforma foram clonados, então realizei o pagamento diretamente para os ladrões sem saber. Já na Santa Ifigenia, o pagamento foi feito via PIX, mas o produto nunca foi entregue”, reclama.

No caso de Jonas Alves Sabino, munícipe de Santo André, que sofreu golpe foi aplicado em uma espécie de pirâmide financeira. Recebeu oferta de “trabalho extra”, em que ganharia até R$ 50 em cada acesso feito em uma plataforma. “Foi informado que deveria começar investindo um certo valor e, este valor cresceria conforme eu acessasse o site. Depois de investir uma grande quantidade de dinheiro, acumulando cerca de R$ 1,2 mil, a plataforma teve um problema técnico e perdi todo investimento”, diz Sabino.

Dicas de como evitar os golpes

O professor da USCS afirma que golpes financeiros possuem diversas características notáveis, mas é possível evitá-los. “Pode-se observar erros de português nas mensagens, as abordagens são repentinas para despertar o chamado senso de urgência, são utilizadas letras e números para confundir as pessoas, indicação de marcas famosas e até, envio de documentos sem aviso prévio”, alerta.

Segundo o recorte por idade, feito pela Serasa Experian, os consumidores que possuem entre 36 e 50 anos foram os que mais sofreram ataques, cerca de 1,5 milhão. Aqueles de 26 a 35 anos marcaram 1,1 milhão. Na sequência temos as pessoas de 51 a 60 anos (587.791), os mais jovens de até 25 anos (477.512) e a parte da população com mais de 60 anos (461.737).

Na análise por região o destaque fica para o Sudeste, com 2,1 milhões de movimentações suspeitas sinalizadas. Em ordem decrescente estão o Nordeste (726.761), Sul (651,416), Centro-Oeste (375.005) e Norte (250.691).

Ao sofrer qualquer tipo de fraude, Miranda explica que a primeira coisa que se deve fazer é cancelar cartões para evitar maiores prejuízos, além de registrar um boletim de ocorrência. “Ao encaminhar para as autoridades, será possível evitar outras compras feitas no nome da vítima, além de contribuir para encontrar o autor do crime”, informa.

De acordo com a Secretária de Segurança Pública de São Paulo (SSP-SP), a polícia está empenhada diuturnamente no combate a todas as modalidades criminosas, inclusive o estelionato, independentemente do meio em que aconteça. São Paulo conta, desde dezembro de 2021, com a Divisão de Crimes Cibernéticos (DCCIBER), do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), criada para combater os crimes cometidos por meios eletrônicos. A Polícia Civil esclarece que é essencial o registro de ocorrências, seja em uma delegacia territorial ou pela Delegacia Eletrônica, para que os crimes sejam devidamente investigados e os autores punidos. No caso do estelionato, a representação criminal por parte da vítima é necessária, conforme determina a lei.

FONTE / REPRODUÇÃO: Portal de Notícias Repórter Diário / Por Redação: Beatriz Gomes / ABC, SP / Foto Capa: Reprodução / 2021 bate recorde com mais de 4 milhões de tentativas de fraude (Foto: Banco de Dados)

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